Não há como prever como o público reagirá a uma campanha. Nem sempre as ações de marketing saem como o planejado, mesmo seguindo à risca um roteiro.
Em 2014, diversas marcas passaram por momentos críticos por causa do marketing. Seja por uma mensagem confusa, uma aposta arriscada ou simplesmente uma ideia ruim, o público não perdoa e sobram risadas e críticas.
Red Bull
Para mim, o caso mais escabroso foi em outubro, quando o famoso slogan "Red Bull te dá asas!", custou caro à empresa. Ela foi condenada a pagar 13 milhões de dólares em uma ação coletiva nos EUA que alegou que o slogan era propaganda enganosa.
Consumidores reclamaram que a bebida não aumentava o desempenho físico e mental e, muito menos, dava asas.
Adeus a linguagem figurada ou é coisa de americano? A empresa topou dar 10 dólares de reembolso a cada pessoa que comprou um Red Bull na última década. Isso não aconteceria na Romênia, onde numa promoção a Red Bull realmente deu asas, "de frango".
Friboi
O anúncio com o cantor Roberto Carlos como garoto-propaganda da Friboi caiu como uma bomba. No comercial, o rei não chega a comer o bife que está no prato, ele diz que voltou a comer carne depois de anos sendo vegetariano. Só diz.
A empresa simplesmente não recuperou o investimento nessa aposta ousada. Marca e cantor romperam um contrato de 45 milhões de reais e acabaram na justiça para resolver pendências.
Johnnie Walker
Uma peça publicitária gerou muitas críticas e levantou novas discussões sobre o racismo. Na foto, há um homem negro e a palavra "branco". Depois, a legenda: "E você, ainda deixa usarem sua origem como obstáculo para o seu progresso? Racismo. Até quando?".
O post fora publicado no dia 19 de novembro, na véspera do Dia da Consciência Negra. A ideia era boa, só que o texto parecia dizer que a culpa do racismo era dos negro.
Adidas
A empresa também passou por maus bocados com o lançamento de uma coleção sobre o Brasil. Acusadas de incentivar o turismo sexual, as camisas vinham estampas com "Looking’ to score", que pode ser traduzida por "em busca dos gols", mas também é uma gíria que significa "pegar garotas". As vendas foram suspensas.
McDonald’s
Em maio, a red de lanchonetes introduziu Happy, o novo mascote inspirado na caixinha do McLanche Feliz.
A surpresa foi a reação negativa imediata que o personagem gerou no público adulto - as redes sociais se encheram de protestos contra o visual do desenho. Assustador, material para pesadelos e e apavorante foram características apontadas. Apesar da reação, a marca anunciou que não irá aposentar o mascote.
Diletto
A marca de sorvetes teve de enfrentar um terremoto, tudo por causa de seu "storytelling".
A marca dizia que a receita vinha do avô italiano do fundador da Diletto, que já fazia os seus sorvetes artesanais na Europa. Mas logo se descobriu que esse avô nunca existiu e essa história era uma ficção e fazia parte da estratégia de comunicação e marca. Teve consumidor que reclamou. O Conar acabou julgando o caso e considerou que a Diletto teria de especificar em suas peças visuais que a história era inventada.
Victoria's Secret
A campanha "The Perfect Body" foi duramente criticada por muitas mulheres. Suas modelos - todas muito magras - divulgavam a nova linha de sutiãs "Body". Mas todos entenderam que a marca estava dizendo que aquelas mulheres tinham corpos perfeitos.
Teve campanha com hashtag nas redes sociais, petição online e até a contra-campanha "The Real Perfect Body", com mulheres de diversos tipos físicos.
Anuncie aqui
Em outubro, um caminhão causou grandes problemas no trânsito de Moscou. É que ele levava um anúncio com uma foto imensa de seios. A imagem distraiu os motoristas.
O anúncio era, justamente, de uma empresa especializada em anunciar em veículos. Que queria mostrar a efetividade visual de uma ação. Causou precisamente 517 acidentes.
Adidas
Quando a Adidas anunciou que suspenderia as campanhas com o uruguaio Luís Suarez, depois de ter mordido um adversário durante partida contra a Itália, na Copa do Mundo. No mesmo dia um outdoor com o atleta virou ponto de peregrinação no Rio.
O motivo: Suarez ironicamente aparece com os dentes escancarados, tornou-se cenário para torcedores fingirem serem abocanhados no braço ou no pescoço. (Foto de capa do post)
Somos todos macacos
Ocorrida em abril, a ação dividiu opiniões e dominou conversas no Brasil inteiro. Quando Neymar publicou uma foto, ao lado de seu filho, em apoio ao jogador vítima de racismo Daniel Alves, críticos acusaram a ação de “falta de espontaneidade”.
Afinal, a hashtag "somos todos macacos" que poderia ser uma forma de protesto, acabou virando jogada de marketing. O saldo ficou dividido entre uma enxurrada de críticas e a repercussão internacional através de prêmios, como no festival de publicidade Cannes Lions.
BomNegócio
Em sua página no Facebook, a marca publicou um post com um casal de usuários que supostamente havia enviado uma fotografia em que comemoravam o carro novo comprado através do site.
O problema? A foto foi retirada de bancos de imagens como Getty Images e ShutterStock. Imediatamente, a gafe virou meme e material para piadas em toda a internet.
US. Airways
O que era só mais uma conversa costumeira de relacionamento com o cliente no Twitter foi um desastre aéreo e gerou o caos.
Uma consumidora que reclamava de um voo atrasado foi respondida com uma imagem pornográfica e o erro da empresa, é claro, não foi perdoado pela internet. Alguns dias tensos se seguiram para a empresa, que demorou mais de uma hora para apagar o tuíte original.
Apple
Um anúncio no jornal americano New York Times acabou protagonizando uma gafe. O anúncio com uma versão para tablet destaca um homem usando o iPad Air embaixo d’água. Na mesma página, a notícia do desaparecimento do avião da Malaysia Airlines no mar.
A infeliz coincidência acabou gerando desconforto, e ambas as marcas pediram desculpas.
Feed a Child
A campanha da ONG Feed a Child, da África do Sul, sofreu duras críticas. O comercial falava sobre a fome e as crianças necessitadas. Mas ganhou uma enxurrada de críticas ao mostrar uma mulher branca alimentando uma criança negra como se fosse um cachorro de estimação.
Avon
A campanha Quilinhos, era a conversa de uma mulher com o espelho. Equilibrando broncas e elogios, a personagem discute os efeitos do exagero na comida na noite anterior.
A marca não contava com a reação das internautas, que criticaram as cobranças e o que chamaram de “incentivo a paranoia feminina”. A Avon pediu desculpas e o vídeo foi retirado do ar.