Alunos usam as bambucicletas para ir à escola na cidade de São Paulo.
A cena inusitada passa a fazer parte da rotina de várias comunidades da periferia de São Paulo. O programa Escolas de Bicicletas é uma iniciativa pioneira da Secretaria Municipal de Educação, que pretende até o final do ano, colocar 4.600 estudantes para pedalar.
Há diversos benefícios pedagógicos nesse processo, a começar pela motivação de como os alunos chegam às salas de aula.
"Fizemos uma pesquisa no ano passado e constatamos que a escola era o destino final dos ciclistas. Então, estudamos experiências de outras capitais do mundo, como Copenhague, Bogotá e Amsterdã, e montamos nosso próprio projeto, que une educação e sustentabilidade", explica Daniel Guth, coordenado-geral do programa.
A secretaria teve consultoria do dinamarquês Mikael Colville-Andersen, especialista em mobilidade urbana, e contou com a criatividade do designer carioca Flávio Deslandes, que criou o modelo de bambu.
Para participar, o aluno precisa aderir espontaneamente ao programa, ter entre 12 e 14 anos, morar no entorno da ciclo-rota indicada e ter o consentimento dos pais.
Amanda Beatriz Jeansen, 14, confirma: "É muito legal conhecer mais sobre trânsito e sobre o bambu".
Para colar as peças de alumínio no bambu, é utilizado uma resina artesanal feita de cola de mamona, que quando misturada ao endurecedor se torna bastante aderente, o bambu e a peça de alumínio viram um só, a resina se expande e ocupa todo o espaço.
Atualmente, 12 funcionários trabalham na fábrica instalada no CEU Jardim Paulistano (zona norte de São Paulo). São moradores da região que foram treinados pelo designer carioca Flávio Deslandes, criador do modelo.
Os alunos recebem a bicicleta equipada com bandeirinha, espelho retrovisor, bagageiro, campainha, luzes e colete refletivo
Dois monitores acompanham o grupo de alunos ciclistas durante o percurso. Eles passam por um curso de formação com duração de um mês, no qual aprendem sobre o Código Brasileiro de Trânsito, atendimento de primeiros socorros, teoria e história da bicicleta.
A população do bairro recebe folhetos explicativos sobre o trajeto e os horários em que os alunos vão passar. O percurso dura em média cerca de 20 minutos e são feitos quatro vezes por dia, sempre antes do inicio e no término de cada período de aula. Os alunos podem levar as bambucicletas para casa enquanto fazem parte do projeto
Os CEUs têm paraciclos no local, também feitos de bambu, que ficam instalados em local fechado, dentro da unidade. Desde o início do projeto, em junho deste ano, nenhuma bambucicleta foi roubada.
Fonte:
Folha de São Paulo
Dica de Mirian Lopes